Pesquisar este blog

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Reforma urbana do Rio de Janeiro - Pereira Passos

O surgimento da cidade capitalista se dá no século XIX. As cidades surgiam através do processo de urbanização e industrialização. Nesse momento as cidades eram degradadas, sujas, sem infra-estrutura, sem condições de ter uma qualidade de vida. As condições eram precárias, o proletariado adoecia muito e as habitações eram alugadas para os trabalhadores das indústrias.
Toda essa insalubridade acabava afetando a própria burguesia, não só em sua qualidade de vida, como também na reprodução da força de trabalho, uma vez que os trabalhadores ficavam doentes com freqüência, afetando diretamente a produção. A partir daí a burguesia passa a solicitar uma maior intervenção do Estado, com isso passa a se perceber a necessidade de uma reforma urbana.
 Essa reforma ocorre no final do século XIX , onde são criados os chamados bulevares (ruas, avenidas largas). No Rio de Janeiro, essa reforma se dá com Pereira Passos a partir de 1903.
“Era preciso acabar com a noção de que o Rio era sinônimo de febre amarela e de condições anti-higiênicas; transformá-lo num verdadeiro símbolo do novo Brasil” (Abreu, 1997). Para isso, tomou-se como referência o modelo das capitais européias, principalmente o parisiense.
A reforma era vista como progresso, onde era preciso modernizar a cidade para modernizar a sociedade. Estava muito atrelada a idéia de racionalidade, onde os sanitaristas usam a ciência para justificar o fim de algumas características das cidades. Por isso, ao começar as obras de embelezamento e saneamento das cidades, Pereira Passos pôs tudo abaixo, ocasionando diversas demolições, inclusive da moradia de várias pessoas, como os cortiços por exemplo, que eram espaços considerados violentos e insalubres. As ruas estreitas e escuras foram substituídas pelo alargamento de ruas e avenidas, o que possibilitou uma melhor ventilação, iluminação e circulação das pessoas.
Com a destruição de diversos cortiços, a população foi forçada a procurar outro lugar para morar, seja com parentes, pagando aluguel ou indo morar nos subúrbios. Foi a partir daí que começaram a surgir as favelas.
As alterações do espaço urbano realizadas por Pereira passos no Rio de Janeiro, estabelecem novas formas de se relacionar socialmente, novos hábitos e comportamentos da população. Durante esta transição da antiga “cidade colonial” para a “cidade maravilhosa”, cuja inspiração foi o modelo francês, também aumentam as tensões, a violência e a complexidade da autoridade policial (que acentuava o traço conservador da modernidade).
Pereira Passos, segundo o Jornal Folha do dia 03 de março de 1913, “(...) cuidou das habitações do proletariado e ergueu edifícios que atestam a nossa cultura de povo adiantado”. Este processo de “embelezamento da cidade” e as próprias mudanças culturais na cidade do Rio de Janeiro tinham de conviver ainda com traços conservadores como: o crescimento dos vendedores ambulantes, aumento do índice de criminalidade e a função civilizadora da polícia (resultante da falta de política  e cidadania na sociedade, onde a policia torna-se uma espécie de intermédio entre o governo e a população).
Posturas higienistas como a autorização de um fiscal verificar nos quintais das casas (espaço privado) se existiam riscos de insalubridade á população provocam conflitos. Estes passam a ser alvo de intervenção da polícia, que garante a inspeção com a presença de duas testemunhas.
Outros avanços são observados durante o processo de urbanização, como a ampliação do abastecimento de água, a iluminação a gás em algumas áreas nobres da cidade e o crescimento das casas de moda e das livrarias que anunciam o crescimento cultural. Porém, estas mudanças não configuram um plano organizado de reformas do Estado, são apenas algumas melhorias necessárias à uma capital que aumenta tanto sua população e que se apresenta como centro político e cultural do Brasil como o Rio de Janeiro nesta época.

Nenhum comentário:

Postar um comentário